sábado, 22 de janeiro de 2011

Equilíbrio

A arte do equilíbrio. Poucos possuem essa qualidade, estimada por basicamente todos os que não vivem numa obscura solidão. Essa arte envolve não só ações direcionadas, mas também reflexões pessoais. E infelizmente, faz parte do centro, se não for o centro, de todos os problemas que envolvem relações entre pessoas.

A arte do equilíbrio se dá da seguinte maneira: duas pessoas, quando entram em um relacionamento (não importa se é namoro, amizade, relação de trabalho, convivência habitacional) normalmente entram com intuitos solidários. Óbvio. Além de valer, de fato, na nossa mente a famosa primeira impressão (do ditado "A primeira impressão é a que fica") é essencial que as pessoas ao seu redor vejam a sua capacidade de ajudar. Para qualquer pessoa que planeje ter uma boa vida social seja em que meio for, isso exerce grande peso no modo como você se comporta.

Ao longo do tempo, essa relação tende a mudar. O desejo de ser solidário tende a diminuir com o tempo. Em alguns ele dura mais, em outros ele dura menos. Mas, inevitavelmente, ela irá reduzir. Isso não tem a ver de forma ALGUMA com má vontade, com falsidade. De modo algum. Um exemplo fácil de entender: Você está viajando, sozinho, de barco. De repente, encontra um naufrago no mar (quem sabe com uma bola de vôlei). Você o puxa para o barco e lhe oferece água. Mas você vai lhe oferecer TODA a sua água? Não, porque você TAMBÉM precisa dela.

Essa é a arte do equilíbrio. Você saber que, dentro de um relacionamento, todos nós temos necessidades. O ato de solidariedade não pode ser estabelecido para sempre de forma desigual. O que fundamenta tudo é a reciprocidade. Você ser egoísta demais faz mal. Mas você ser solidário demais também faz mal. Parece escroto o jeito que isso soa, mas é verdade. Além de afetar a sua pessoa, que perde todos os seus prazeres, você também acostuma erroneamente a outra pessoa, que coloca em você o eterno "sim" na testa. Isso tira o prazer de solidariedade: o fato dela ser inesperada. O melhor jeito de receber uma boa ação é não esperá-la. E o melhor jeito de DAR uma boa ação é NÃO ser obrigado a isso.

Como equilibrar? Por favor, alguém me responde essa pergunta. Ações não adiantam. Idéias não adiantam. Palavras não adiantam. Alguém me mostre algo que adiante!

Desespero gerado por algo que não conseguimos equilibrar: o quanto amamos alguém.

L&S

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