quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Saudade

Essa dor no peito cresce descomunalmente com o avanço do tempo. Parece algum tipo de força incoveniente, que te puxa por dentro e te deixa sem ar. O presente tempo, chuvoso, é meu favorito, afinal, adoro frio e quase nunca uso casaco. Como era de se esperar, hoje é um dos raros dias que o estou usando.

O som emitido pelas lípidas gotas d'água que caem do céu, lá fora, me prendem por um bom tempo na janela, apenas a encarando, com a mente em outro lugar. Não consigo, porém, arranjar uma explicação para o fato da chuva me atrair tanto nesses momentos melancólicos.

Seria, quem sabe, a nostalgia? Pensando bem, há uma interessante relação. O fato de sentirmos saudade não deixa de ser, como a chuva, algo magnífico: é uma prova de amor, de consideração mas, principalmente, de importância. O problema é quando isso acaba. A saudade sai de seu âmbito agradável para aquele entristecedor. É esse que nos leva a ficar sentados de frente para a janela. Morrendo de frio.

Enquanto estou aqui, pensando, a chuva vai cada vez ficando mais forte, como se acompanhasse, estranhamente, a intensificação do meu abalo. A própria TV, que só agora percebi estar ligada, começa a falar sobre um possível temporal, perigoso, e estava aconselhando a todos que não saíssem de casa.

Quer saber? Vou lá pra fora.

Aqui, na parte de trás da casa, há uma cadeira de plástico, que vem bem a calhar. A chuva cai, pesada. Não me importo. Só o fato de sentir a água cair sobre mim me tranquiliza. Me relaxa. E é disso mesmo que eu estou precisando.Sentado, vendo as gotas espancarem a piscina, volto a pensar. O frio e a chuva, por mais insano que parece, me inspiram.

Volto, agora, a pensar. A saudade, sinceramente, não tem como se relacionar com a chuva. A chuva causa mais danos durante a sua ocorrência, em suma maioria. A nostalgia é muito melhor aproveitada enquanto ocorre: seu término que é o problema.

Seria, portanto, um amor com sentimento de culpa, que me faz gostar da chuva? Até faz sentido! Quando aproveitamos o momento e desfrutamos do prazer de uma companhia, sentimos nossos corações palpitarem, viciados por mais. Porém, quando isso acaba, muitas vezes, sentimos culpa. Sentimos que podíamos ter aproveitado mais. Sentimos que nossas ações não foram voltadas para um aproveitamento perfeito.

Mas é o mesmo que saudade. Bom enquanto dura.

Fui me abrigar, está um frio desgraçado. Me sequei, troquei a calça e coloquei uma camisa preta de manga comprida.Agora, estou aqui, sentado de novo, olhando a chuva cair absurdamente forte.

Meu rosto permanecia molhada. Quando o sequei com a minha mão, senti uma leveza. Aquilo não era chuva: eu estava chorando. Bastou perceber e olhar para a lágrima solitária, no meu dedo, que começei a derramá-las uma após a outra.Foi aí que percebi.

Era como se o céu estivesse chorando comigo.

L&S

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Sonhos.

" Buffs abriu os olhos. Estava em seu quarto. Sentou, esfregou os olhos e respirou aliviado. Sentiu mal, mas estava grato que era um sonho. Foi até a janela e, enquanto via o sol nascer, lembrou do que poderia ter sido a maior aventura de sua vida.

FIM "

NÃO! Não pode ser! Era um sonho! Inconcebível! Não depois de cem horas da minha vida gastas nesse jogo de computador. Inacreditável! Odeio quando acaba em sonho! Isso ferrou com meu dia. E olha que o sol nem deu sinal de vida ainda.

Bom...Vamos aproveitar que hoje vai ser uma merda, e vou acabar logo de ver Lost. Falta só um capítulo mesmo.

- 50 minutos depois -

Hipnose coletiva?! Aaah! Vai pro inferno! Como isso é possível? Monstros? Enigmas? Mistérios? Era todo mundo sonhando! Vai se...

RING!

Opa. É o telefone.

" Slares! Zerei FF XIII. "

Charlie, grande amigo meu.

" Varou a madrugada jogando também é? Hahaha! Estou na metade do jogo! Como acaba?"

"Brother, para de jogar. Sabe o que acontece no final? Zefirus acorda e..."

Desliguei. Era demais pra mim. Desculpa, Charlie, depois peço-lhe perdão pela desligada na cara. Estou precisando agora é de uma caminhada.

Slares sai de casa e começa a caminhar perto de seu lar, enquanto pensa sobre sua madrugada terrível.

Cara, eu realmente precisava sair de casa e caminhar perto do meu lar, enquanto penso sobre essa madrugada terrível. Como pode? Eu simplesmente detesto quando tudo mostra-se ser um sonho! Você cria laços com os personagens e com a história para no fim eles não serem reais. Parece até que tudo é sonho!

...

Imagine? E se eu agora, estivesse sonhando? Se nada do que eu vejo for real? Se todas as pessoas alguma hora desaparecerem de repente e eu acorde num quarto? Seria surreal! Ah, estou viajando. Como se a minha mente fosse capaz de fazer uma coisa dessas.

De repente, tudo escureceu. Slares entrou em pânico. Demorou até que começasse a ligar alguns pontos. Começou a gritar, até que um buraco branco apareceu em cima do próprio. Foi sugado rapidamente. Cessaram-se os gritos.

...Ah...CofCof...Ah!!! Aonde estou??

Slares estava acorrentado num parede espessa. E não era o único. Havia cerca de seis pessoas do seu lado esquerdo. O local era mal-iluminado e baixa.

Ei! Acordem! O que diabos é isso?

Uma porta abriu na sua direita. Três homens encapuzados entraram no lugar.

"Vamos começar por ele."

Ei! O que querem comigo, miseraveis! Me larguem! Não! AAAAH!

Uma marretada bem dada na sua tempora foi suficiente para desacordá-lo por alguns minutos. Agora, numa sala branca, Slares acorda.

Aaah...Que droga! Ah! Não estou acorrentado! Melhor fugir daqui...AH! NÃO CONSIGO ME MEXER! O que diabos é isso?

"Nem tente. Não vai conseguir nada."

Quem é você? O que quer comigo?

Slares viu escrito no topo da porta da frente "Mente de Slares"

Aonde estou?

"Bem...Como você não vai se lembrar de nada, acho que não tem problema contar-lhe tudo agora."

Slares engoliu seco

"Eu sou a sua mente, responsável por suas decisões, metas, desejos, hábitos, falas e, principalmente, sua vida. Tudo o que ordeno você faz naturalmente e qualquer sentimento que eu desejar que você sinta, você irá senti-lo. Todos os humanos possuem alguém como eu. Entretanto, como não podemos dar-nos ao luxo de sermos descobertos, temos que tomar medidas drásticas. Sabe...Nenhum de nós é perfeito. Ás vezes, alguns deslizes, e nós acabamos por deixar que alguns de você raciocinem o suficiente para imaginar nossa existência e até acreditar nela. Isso é perigoso. Aqueles na sala com você fizeram a mesma coisa."

Quer dizer então que minha vida não passa de um jogo pra você?

"Caso queira ver dessa maneira, não vejo nenhum problema. Alguns de nós até se divertiam com isso, como a mente de Hitler. Bem...É. Podemos chamar isso de um grande videogame. Até um narrador temos para a sua vida."

Slares não parecia acreditar no que estava ouvindo.

Pessoas vão sentir minha falta! Isso tudo vai ser descoberto! Eu garanto!

"Não, caro amigo, não. Você vai sair daqui agora e não vai nem imaginar a sacanagem que iremos fazer com você."

" Slares acordou. Olhou a janela e viu tudo escuro. Ainda era de madrugada. Deve ter caído no sono. Ligou seu computador a fim de jogar seu jogo favorito e finalmente zerá-lo, mas não o encontrou. Deduziu que Buffs morria e seu irmão terminava sua missão. Voltou para seu quarto ver o fim de sua temporada predileta, mas o CD estava todo arranhado e não rodava. Imaginou, então, que Kate poderia ter comandado o exterminio de todos. Ligou seu playstation. Precisava jogar pelo menos um pouco de FFXII. Porém, esqueceu que o deu de presente á um amigo".

Aaaah, que merda. Não tem nada pra fazer. Bem, eu até voltaria a dormir, mas tive um sonho horrível...

L&S

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Conversas.

Já parou pra pensar sobre o quanto deixamos abstrações consumirem nossas mentes nesse ultimos anos? É, estamos veementemente acreditando em coisas improvavéis, como teorias que estão 99% corretas, mas nunca foram provadas...Estamos buscando fé. Porque, me pergunto...

Opa, te peguei de surpresa. Desculpe, estranho, estava aqui, conversando com meus botões, e nem te vi aí parado, me olhando com um ar de "O que diabos ele está balbuciando?". Sinto muito, não foi minha intenção. Na verdade, se você tivesse pego meu raciocínio desde o inicio, quem sabe entendesse alguma coisa.

Sobre o que eu falava? Nada demais. Apenas sobre a vida mesmo. Quer juntar-se a mim? Senta aí. Vamos lá...Eu estava imaginando como estamos avançando tão mais rápido do que antigamente. Não concorda? Quando tempo demorou para que os nomades se tornassem sedentários? Muitos anos. Muitos, muitos anos. Agora, me diga: Quanto tempo demorou para inventarem algo melhor que o iTouch? Uns meses. Pois é...Tento entender como que a evolução se acelerou de uma maneira tão absurda...

Falando em evolução, você conhece Darwin? Sim? Bom saber. Sou fã dele. Vem dizendo por aí que a evolução acabou. CALMA, É SÓ UMA TEORIA! Não fique nervoso. É porque...Parece que não vamos mais avançar mais do que...o que somos hoje. Daqui a anos e anos, o suposto ser mais evoluído não vai ser muito diferente do atual. Estranho, né? Deve ser por isso que as coisas vem mudando tão rapido. Crescendo tão rapido. Estamos no nosso ápice.

Quer um xicara de café? Ou quem sabe uma vodka? Desculpe, mas eu preciso de um gole de uísque. Você fuma? Então, permite-me dar uns tragos? Obrigado. Caso se sentir incomodado, tem uma janela logo ali. Voltando...Aonde parei? Ah, sim, claro, meus delírios sobre a vida...

Fé. Você tem fé? Pena. Pois eu tenho. Em que exatamente, gostaria de saber? Em porra nenhuma. Por essa não esperava, né? É, exato, sou ateu. Na verdade, eu já fui de tudo. Já fui catolico, me decepcionei. Já fui judeu, não suportei. Já fui darwinista, se a isso pode ser atribuído fé, mas não me contentei com sua incerteza. Nunca provaram que a evolução de Darwin é de fato a origem de nossa existência. Pensei em ser espirita, budista, mas...Qual a diferença? Se nenhuma religião é melhor que a outra, minha felicidade não poderia ser encontrada em coisas tão abstratas.

Exatamente, caro estranho! A solução seria a busca de algo concreto. Acertou de novo: Eu não encontrei. Por isso, virei ateu. É...Se me permite perguntar, você disse não ter fé em nada. Não é ateu? Entendo...Bom, religião não parece ser muito a sua praia. Poderia me dizer seu nome, por favor?

...

Haha, seu nome é Morte? Está brincando, né? Ah, sim, eu concordo que é meio estranho alguém de preto com uma foice para e ficar me olhando, mas você poderia bem estar indo para...uma festa a fantasia, sei lá. Quer dizer então que eu morri? Mas como?

Ah, o cigarro. A bebida. Meus pulmoes e meus figado são de uma pessoa de 70 anos? Bem, isso é triste de se ouvir...Parada respiratória? Nem senti...Bem, talvez isso explique meus delírios, né? O desabafo após a morte...morte...

Hahahahaha! Obrigado, Dona Morte! Pelo que, me pergunta? Ora, acabou de me apresentar a unica coisa concreta do mundo.

L&S

terça-feira, 23 de junho de 2009

O perigo de suas escolhas.

"É incrível como a morte abre nossos olhos." - Pensou, enquanto era arrastado pelo chão frio, puxado pela corrente amarrado ao seu pé. A dor originada da sua carne esfregando no piso era incomensurável. Mas ele não se importa. A sua mente estava em um lugar completamente diferente.
Sua alma situava-se numa sala, de estilo antigo, adornada como tal. Uma bela mulher passava pelo recinto, com uma vassoura, varrendo o chão consideravelmente empoeirado. Porém, quanto mais pensava no que estava por vir, menos suportava a mágoa. Acabou misturando o chão com lágrimas. O homem, em transe, lembrava-se da cena, chorando enquanto pensava nessa triste situação. Lembrou-se quando apareceu á porta, se preparando para a despedida. A mulher largou a vassoura e pulou para abraça-lo. O sujeito, não querendo extender seu sofrimento, a deixou ali, no chão, derramando lágrimas. Fechou a porta e foi embora encarar seu destino.
- Levante-se - Uma voz abominável disse.
O homem voltou ao mundo real. Olhou o monstruoso ser que o encarava, enquanto buscava forças para erguer-se. Após isso, foi ordenado a sentar numa cadeira. Nem relutou: foi direto ao seu destino. Sentou-se e abaixou a cabeça em tom pensativo.
- Últimas palavras?
O sujeito simplesmente ergueu a cabeça e,puxando até o fundo da gargante, deu-lhe uma escarrada no rosto, dizendo:
- Vocês irão perecer, acredite.
Limpando o rosto, a feiúra em pessoa dirigiu-se ao lado da cadeira e puxou uma alavanca. As luzes piscaram. Acabou.
A mulher encontrava-se sentada numa cadeira, olhando janela a fora a chuva cair, se confundindo com seu choro. Ela temia pelo pior. Na verdade, não temia: Sabia que o pior ia acontecer. E não só para seu amado.
Escutou uma porta abrir atrás dela. Foi um segundo de esperança, até perceber a impossibilidade da pessoa que ela amava estar atrás de si. Apenas fechou os olhos. Nem sentiu dor. Um disparo. Só um disparo. Chuva. Lágrimas. Sangue. O assassino, enquanto limpava a arma, tirou uma cruz do bolso e jogou em cima da mulher, antes de deixar a sala.
Tudo isso porque acreditar em Darwin é pecado.

L&S

domingo, 7 de junho de 2009

Coração de um gênio aprisionado.

Abriu os olhos, ainda atordoado. Não fazia a menor idéia do lugar em que se encontrava. A escuridão tomava conta do recinto, e o homem buscava forças para se levantar. Tenta enxergar. Tateando a parede, foi-se erguendo aos poucos, até se manter de pé, cambaleante.

Um luz se acendeu. Mostra-se na sua frente um corredor, com portas em suas laterais. É estreito, mas em compensação, não se é capaz de ver o fundo. O homem, ainda com sua visão embassada e as pernas tremendo, caminha em direção a primeira porta. Chega a conclusão de que, como o corredor não tem fundo, uma dessas portas deve tirá-lo de lá.

Abre a primeira porta da esquerda. Sente-se um tanto surpreso. Ao olhar, parece algo muito desproporcional. É um lugar completamente diferente. Fecha a porta. Abre-a novamente. O mesmo lugar. Parece ser um quarto, um tanto quanto antiquado. Mas contrasta tanto com o lugar aonde se encontrava. Acaba entrando pela porta, que se fecha assim que ele entra.

A porta some. O homem fica estarrecido. Agora,já vê perfeitamente. Sente um cheiro de cigarro, vindo de uma sala ao seu lado. Ao entrar, vê uma figura, aparentemente masculina, de cabelos grisalhos, que se apoia com o cotovelo esquerdo, e escreve com a outra mão. O homem a chama, mas ela parece ignorar, ou simplesmente não escutar. Ela para de escrever, embrulha o bilhete, e o deixa na mesa. Abre uma gaveta, e saca um revolver, velho, com a mão que escrevia. O homem fica preocupado. O sujeito de cabelos grisalhos pega seu cigarro que estava sobre a mesa, dá um trago, e atira. Mais um corpo vai ao chão. Assustado, o homem se vira com um barulho de porta se abrindo, só para ver uma mulher e crianças entrarem. Quando percebeu, estava de volta ao corredor.

Ao voltar, sentou-se no chão e encostou-se na parede. Suava frio. Estava com medo. Queria sair dali. Levantou-se e correu desesperado pelo corredor. Quando começou a ofegar, parou e viu que era inutil. Caiu no chão, respirando forte e virando a cabeça, para ver uma porta do lado direito. Era uma esperança. Levantou-se a abriu a porta.

O homem está num banheiro. Nada mal, se comparado ao outro lugar. Prestando mais atenção ao cenário, percebe um pacote de camisinhas sobre a bancada da pia. Só agora percebeu que uma barulheira vinha do lado de fora. O homem espiou pela fechadura, e via uma cena de sexo absurda. Não deixou de ficar um tanto quanto alterado, e continuou espiando por todo o tempo. Após uma longa noite, ambos dormiram. O homem caiu no sono igualmente.

Pela manhã, ele acorda com o barulho da mulher que estava no quarto entrando no banheiro. Vestia-se como um puta e guardava uma quantia em dinheiro aparentemente baixa em seu sutiã. Ajustava sua roupa. Então, olhava para o espelho e, se vendo, começava a chorar. Começou a suspirar, reclamando de sua vida e amaldiçoando tudo. Seu espirito voraz da noite resumia-se a solidão pela manhã. Por fim, enxuga as lagrimas, e diz para si mesma que passará a vida buscando ser amada, não importa o quanto fracasse. O homem se envolveu, mas, quando ia tocá-la, sua mão a atravessou. Nesse momento, ele voltou para o corredor.

Não entendia mais porra nenhuma. Aparecera outra porta pelo corredor esquerdo. Não quis nem saber. Já estava alterado mesmo. Abriu a porta.

Estava num corredor agitado. Muitas pessoas formavam um circulo na frente de um prédio. Ao olhar para cima, viu uma janela quebrada, com o que parecia uma pessoa olhando, com alguma coisa na mão. Não conseguiu distinguir se era homem ou mulher. Enfim, tentou entrar no circulo. Após muita luta, chegou a beirada e, no meio de sangue e vidro, viu um corpo destroçado. Ficou enojado. De repente, algo caiu em seu rosto. Passou a mão, e viu um liquido. Arriscou-se, e o provou. Sentiu um gosto de chá.

Nessa hora, tudo ficou escuro. Ficou mais preocupado do que já estava desde o inicio de sua história. Uma luz aparecia no fim de um caminho. Ao passo que ela aumentava, o homem cobria seus olhos...

Quando o clarão passou, viu-se flutuando num quarto. Um computador, uma janela com vista para uma praia, um estante cheia de livros, e uma cama, com uma pessoa dormindo. Toca o despertador. O garoto, adolescente, pega o celular e o desliga. Levanta, ainda cambaleante. Enxuga os olhos, e põe o oculos. Ergue a cabeça. O homem, ainda flutuando, encara o garoto, que faz o mesmo

Ele pode me ver? - Pensava o homem. O garoto esticou a mão. O homem fez o mesmo, mas sua mão apenas atravessava a do garoto. Esse, por sua vez, sorriu, e disse: "Ainda vou te alcançar." Vestiu sua camisa bege, calça jeans, e desceu o prédio. O homem, pela janela, o viu entrar num táxi.

Antes de sumir, o homem conseguiu dizer: "Ainda vou te alcançar." Pudemos ver escrito "Inspiração" em seu peito e "Sucesso" em sua testa. Por fim, desapareceu.

OBS:Homenagem ao meu mestre de redação, por assim dizer. O que corrige meus textos, que me dá dicas de como melhorar e, claro, que me dá inspiração com o que escreve. Abraços, Mário!

Do seu aprendiz,

Linhares.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Vícios.

Um lugar escuro. Escondido no banheiro de seu quarto, lá está ele, sentado no chão, com as pernas dobradas e os joelhos batendo no queixo, servindo de apoio para sua cabeça. Tampava seus ouvidos. Tecnicamente, não estava escondido. Era uma fuga espontânea, porém não necessária. Os gritos incessantes atormentavam sua pobre e inocente mente.

Se perguntava porque razões, mais uma vez, a sua casa se mostrava um verdadeiro inferno. Seus pais gritando palavras indefiníveis de maneira histérica, provavelmente por algum motivo idiota ou trivial. Já era uma rotina o garoto chegar e escutar algum barraco e, quando isso não acontecia, ambos tentavam arranjar um motivo para uma nova gritaria. Seria a esse destino que ele estava fadado? Uma vida estressada, um futuro indesejável, uma onda de pessimismo. Tudo tendia para esse caminho. Mas o garoto poderia acabar com tudo aquilo. Era só terminar de puxar a navalha para a direita.

Mas, sempre quando arranjava coragem, ela se esvaía no ultimo segundo. E isso dava-lhe mais tempo para pensar e, quando mais pensava, mais ficava irritado. Preocupado. Até mesmo enojado. Sabia, contudo, que tinha razão no que estava matutando. Essa vida que lhe aguardava era a seus olhos uma loucura. Porque não acabar com tudo rapidamente? Era muito mais fácil.

Nem tanto quanto parece. Não conseguia a coragem necessária. Foi aí que percebeu. Por mais que ele detestasse o que estava para vir, valia mais a pena continuar vivo do que deixar de existir.Quem sabe, encontraria os propósitos para tanta maluquice num mundo tão pequeno se comparado ao universo. Por esses últimos minutos, foi tomado por um sentimento de culpa. Poderia ter se matado. Estranhou por alguns momentos, mas cedeu. Largou a navalha e saiu do banheiro com um sorriso.

Caminhando pelo corredor, chegou a sala, aonde viu seus pais gesticulando e soltando gritos e mais gritos. Passou entre eles como um fantasma, nem sendo percebido. Sentou no sofá, e ligou a TV. Olhou para o lado e viu o maço de cigarros do seu pai. Puxou um e acendeu. Deu o primeiro trago.

A partir daquele dia, o garoto achou um motivo para viver.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sonhar é para os fracos.

E é o fim de mais um pesadelo. O sujeito acorda, ainda atormentado com as assombrações trazidas pelo seu sonho. Em parte, ainda está assustado, mas percebe que já está, além de acostumado, conformado com essa rotina de terrores noturnos. Levanta-se, mas não fica de pé, permanecendo sentado na beirada da cama, com a mão na cabeça, sentido finalmente o efeito das doses de álcool desenfreadas da madrugada. Olha para trás, admirando o corpo belo e torneado da inocente jovem, que ainda dorme, e ele pensa:

- Com certeza, ela não está tendo um pesadelo.

Finalmente levanta-se, cata suas roupas espalhadas pelo quarto, e retira-se vagarosamente do quarto, não querendo acordar sua cobaia da vez. Entrando em seu carro, o homem sente aquela pequena culpa que qualquer um em sua situação sente. Começa a pensar se vale a pena levar a frente suas noites de êxtase e embriaguez camuflados por uma viagem urgente ou o trabalho estendido.

Liga, então, o motor. E parte.

O sujeito começa a se corroer. Inicia um pensamento sobre o rumo que a sua existência tinha tomado. Começava a ficar enraivecido consigo mesmo, de estar perdendo tempo pensando em algo assim. A sua espera, está uma devotada mulher que está em constante apunhaladas pelas costas sem ao menos sentir a doer. Ora, é óbvio, é uma dor interna. Como saber,afinal?

Estaciona. A primeira coisa que ele percebe são as luzes acesas. É praticamente como se ele ouvisse-as dizendo que sua presença não era merecida em tal lugar. Incomodado, porém percebendo que a razão era ele mesmo, o homem adentra a casa.

Logo, ao entrar, percebeu algo estranho. As luzes da cozinha estavam apagadas. Normalmente, visto que a cozinha é caminho para a sala, sua mulher acende, sem exceção, todas as luzes, como se mostrasse o caminho para a zona de degola. Sentiu, porém, o cheiro, mesmo que fraco, de cigarro e, visto que sua esposa é uma chaminé, soube que ela estava lá.

Percorrendo a cozinha, observou o cinzeiro lotado de cigarros, mas o que ele estranhou foi o copo ao seu lado: bebida alcoólica. Sua mulher tinha aversão a tal coisa. Entrando pela sala, viu uma cena que, ao mesmo tempo em que lhe sugou todo o ar, uma raiva e uma tristeza misturados cobriram-lhe o coração.

Um casal nu deitado no sofá. As roupas estiradas pelo chão. Exatamente como o quarto que sujeito deixou alguns minutos atrás. Ambos sorriam, como se tivessem tido a melhor noite de suas vidas. “A serenidade nos olhos dela...”, pensa o homem, não sendo capaz de completar seu pensamento. Ajoelha-se, levando os braços ao rosto.

Pensou na culpa que sentiu no carro. Pensou nos momentos. Em todos os momentos possíveis. Sentiu-se um idiota de ter sentido culpa daquela vadia. Levantou-se bruscamente, correndo para a gaveta do armário em frente ao sofá onde deitavam os dois enamorados. Puxando seu revolver, engatilhou-o e apontou-o para a testa da moça.

- Sonhar é para os fracos, disse o homem.
Puxou, por fim, o gatilho.

E é o começo de mais um pesadelo.


L&S

terça-feira, 21 de abril de 2009

Complicação.

Porque tudo tende a ser tão complexo? Fascino-me com a dificuldade que encontramos para responder ou mesmo tentar responder as perguntas mais triviais. Porque existimos? Como surgimos? Qual o nosso destino? Existe uma ciência que tenta responder essas perguntas, como a filosofia. Mas, se são perguntas tão óbvias, porque são tão dificéis?

Conceitos que parecem mais complicados, como a física ou a química, nada se comparam á essas perguntas. Quando encontramos um problema que envolve, sei lá, dilatação e combustão, temos o conhecimento suficiente para responder essas questões. Isso porque são ciencias que temos uma resposta definida, imutavel, para qualquer problema que tentemos resolver. Por isso, são ciencias exatas. Outro exemplo seria a matematica.

Há, por mera observação, pessoas que negam a existência da química, por exemplo. Até onde eu sei, a "Química" é uma explicação para certos fatores. Existência de um atomo, por exemplo. Atribuição de cargas ás particulas no seu interior (positivo e negativo) são meras atribuições. É como pegar a cor verde. Porque "verde"? Tecnicamente, não tem motivo. É como química, ou física.

Se a química não existisse, ou melhor, se o que a química tenta explicar não existisse, não existiria absolutamente nada. E nisso, lá vai confusão mental...Porque tudo que chega perto de explicar a existência dos mundos tende a ser complexo? Estranho.

Voltando ao assunto das ciências. Assobre num pedaço de vidro. Houve uma condensação, certo? Isso por acaso é...biologia? Música? Religião? Esse fenomeno é explicado por conceitos químicos. É como dizer que o catolicismo não existe. Explicar a existencia de algo que ninguém viu e que criou todo mundo. É redundante. São apenas seres humanos tentando achar uma explicação logica, cientifica ou sobrenatural para explicar o porque de estarmos aqui.

Mas, se é uma pergunta tão na cara, não entendo sua dificuldade...Uma pergunta especifica, como "Quantos quilos de oxigenio preciso para gerar combustao completa de um hidrocarboneto" É muita mais complicada em si, mas podemos achar sua resposta.

Ou seja...Quantos mais dificil é a pergunta, mais fácil é de se achar uma resposta? Ou então...Quantos mais fácil é a pergunta, mais possibilidades de resposta podemos achar? Ou será que...

Ah, creio chegar perto de uma explicação. Talvez não seja a pergunta óbvia, mas tantos já tentaram respondê-la que virou moda. Ela com certeza é fácil, mas acabamos complicando-a. Mas...será que todas as resposta estão certas? Hum...Mais estranho ainda.

É uma pergunta meio relativa...Talvez seja isso. Perguntas relativas tendem á respostas relativas. "Qual o seu gosto para roupa?" Bilhões de respostas. "Como surgiu o mundo?" Bilhões de respostas. E, teoricamente, nenhuma está errada. Cada um tem seu gosto. Cada um acredita no que bem entender.

Irônico...Quantos já se mataram por julgar a sua certa? É...Tendemos a destruir tudo que amamos...

E não era que a resposta era óbvia mesmo? Esse mundo...Estamos deixando-o cada vez mais complexo...

Parece brincadeira do destino.

L&S

Tudo se torna simples depois que alguém descobre a resposta.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Colapso.

Talvez essa seja a melhor palavra para transmitir o que sinto no momento. Já não é de agora que o mundo mudou completamente para os meus olhos. Não somente os globos oculares da minha face, mas também o que meu coração passou a enxergar...Sinceramente, eu sempre acreditei na idéia de alma gêmea. Vivo baseado nela, penso nela, nunca mudarei o rumo da minha vida se para isso precisar excluir tal forma de viver da minha pessoa. Agora, a cada vez que eu paro e penso se vale mesmo a pena acreditar que esse sonho é possível, parece que, quanto mais eu penso, mas me parece uma mera ilusão...

Já que toquei no assunto de sonho...Seria sonhar algo que realmente nunca conseguiremos definir? Talvez seja por isso que seja algo tão incerto...Muitos chamam suas metas de sonhos, o que não é nada mais do que um equívoco. Não temos como tornar um sonho REAL. Do mesmo jeito que ele não tem forma em si, ele transmite imagem de algo que sobressaia em nós num determinado momento. Os nossos maiores medos e os nossos maiores desejos são expressões dos nossos sonhos. Por assim dizer, o sonho é algo que, creio, será o ápice da explicação humana, se é que tal explicação venha a existir.

Tudo bem, podemos uma vez ou outra sonhar com o que mais almejamos, ou com o mais destestamos. Agora, e se sonharmos repetidamente com a mesma coisa? Com o mesmo fato? Com a mesma pessoa? Deixa de ser uma mera transmissão de imagem em relação aos nossos desejos e medos, mas passa a ser uma revelação intensa do nossos sentimentos mais profundos! Imagina, todas as suas incertezas, amores e vontades juntos em oito horas de êxtase total? É impressionante como algo que, falando assim, parece ser tão bom, mas que, após tanto tempo, venha a ser algo tão penoso, tão desestimulador...O pior de tudo é que, não importa o quanto a sua mente tente afastar esse pensamento: o seu coração insiste que você sofra.

Que dilema! Viver baseado em amar como se não houvesse amanhã (faço de Renato minhas palavras) , em aproveitar o dia, quando tal sentimento insiste em te apunhalar inúmeras vezes pelas costas. Normalmente, eu pensaria que isso acabaria com a sua forma de ver a vida. Com a sua forma de amar. E sim, mudou, completamente, o jeito com que enxergo o que, antes, parecia tão simples.

Eu nunca vou deixar de acreditar que existe uma pessoa que se encaixa perfeitamente no espaço que falta em mim. Se eu for seguir a contradição de idolatrar um sentimento que me faz sofrer, posso levar á seguinte situação: "Você tem um filho e o ama de verdade. Certo dia, ele pede pra você dar-lhe uma bicicleta. Você concede, indepentemente de saber que ele vai cair algumas vezes, até se levantar e aprender de verdade. Ou seja, você vai preferir deixá-lo cometer seus erros para que, mesmo você tendo a possibilidade de mudar a situação, ele possa aprender sozinho."

É assim que vejo, agora, o que antes parecia tão modesto. O amor prega peças, sim, mas se vivermos esperando o nosso amor, talvez deixemos ele passar por um descuido. Ou então, se tentarmos freneticamente buscá-lo, podemos, por um mesmo descuido, depararmos com ilusões. O que seria melhor? Não amar? Será mesmo?

Eu digo que não. Ao invés de deixar que sua alma gêmea venha até você, procure por ela. Ela também estará te procurando. Algum dia, vocês se encontrarão. Aquilo que antes parecia, de fato, uma utopia, parece que, agora, é real. Saberemos quando encontrarmos aquilo que mais desejamos, assim como sabemos quando encontramos o que tememos. Nunca deixe de sentir, pois, sem isso, não há porque viver. Pense bem. Se você abrir mão de seus sentimentos, estará abrindo mão dos sentimentos de outro pessoa. Sim, a pessoa que foi feita para você. Não pense que o amor é uma brincadeira de mau-gosto, nem ironia do destino. Amar é para aqueles que são fortes e que não desistem. Amar é para aqueles que sabem o mais desejam. Amar é para aqueles que, no final, vão encontrar aquilo com que mais sonhou.

E, quem sabe, nesse momento, nesse dia tão esperado, um sonho realmente venha se tornar realidade...


L&S

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Recaídas Banais...

O homem é puramente um ser bipolar. Pelo menos emocionalmente. Temos nossos breves momentos de loucura a ponto de querermos acabar tudo pulando do sétimo andar de um prédio e, num outro momento, estamos vivendo como nunca com um sorriso que vai de uma ponta a outra. Muito estranho, não? Garanto que qualquer pessoa já se sentiu assim. Eu, sinceramente, nunca sei quando ou porque isso acontece. Acho que os sentimentos são, de fato, autônomos. Podemos controlar nossos músculos, mas não podemos controlar nossos sentimentos. Mais estranho ainda, certo? Pois bem...

Já não tem muito tempo que eu me sentia uma mera partícula num universo infinito. Completamente inútil, obsoleta, sendo no máximo uma espectadora do tempo. Acho que talvez fosse o fato de que eu estava vivendo um amor impossível. Acho que vocês tem amigas de anos e anos, certo? Pois é. A amizade ficou foda e nunca passa disso. O resto se explica por si só. É, eu vivenciei isso por umas duas semanas, tentando, tentando, mas era como se uma barreira impedisse que você alcançar aquilo que você tanto deseja, tanto almeja. Aquilo que você daria tudo só para sentir por alguns momentos. Todos já passaram por isso, imagino. Garanto que não há coração que aguente. E eu me senti muito abalado.

E o pior é que não era recíproco...Eu me senti, assim, em segundo plano...Todos as ações dessa impossível paixão raramente me levavam com prioridade. Era como se eu fosse somente "alguém", sabe? Alguém que não faz aqueeela diferença na vida de pessoa. E porra, faz muito tempo. Enfim....

Acho que isso passou. Aí entra uma coisa que nunca sabemos de verdade: conviver. Quantas pessoas se casaram achando que seria o país das maravilhas e, após começar a vida com esse ser amado, descobriu que acabara de adentrar os portões de um inferno sem volta? Bom, foi outra coisa que aconteceu...O fato de ter sido colocado em segundo plano me fez pensar como as pessoas não percebem o quanto outras pessoas se dedicam á essas. Sempre colocamos as pessoas erradas em primeiro lugar, e aqueles que lutam por nós as vezes passam despercebidos pelos nossos olhares. O que você faz nessa hora? Se afasta. Por mais doloroso que seja, faça isso. Se você realmente for alguém que importa, você receberá retorno e saudade. Mas e se não? Bom, foi o que aconteceu comigo.

Depressão é um bagulho que eu nunca tive. E não quero ter. Já fui salvo dela e, pelo que parecia estar por vir, era medonho. Agradecimentos de novos aqueles que me ajudaram em tal momento. Mas...Descobri que, além disso, era um tipo de pessoa duas caras...Esse é o pior tipo de gente a se descobrir. Nunca curti falsidade, muito menos esconder o que realmente somos. Não necessariamente falsidade, mas dificuldade de se abrir.

Bom, aqui estou eu, feliz de novo. Acho que você perceber que um amor não é tudo aquilo é melhor (ou menos pior) do que você receber amor e acabar estragando tudo. Deve ter sido por isso que eu não deprimi.

Se eu postei isso, foi pra dizer só uma coisa: Por mais que beiremos a depressão; por mais que nunca encontremos a nossa alma gêmea; por mais que tentemos dar tudo para aquelas pessoas que amamos e nao recebamos retorno, uma coisa é certa:

Nunca deixe de amar.Nunca. Se o mundo permanece inteiro (pelo menos por fora), é porque temos pessoas amando. Temos aqueles que zelam pelos sentimentos alheios e nunca deixaram, bem, a fagulha se apagar.

Finalizarei o post com uma máximazinha básica que eu montei enquanto estava na varanda, vendo as ondas baterem na areia da praia, mais precisamente, pensando naquele amor impossível:

"Os lados de uma onda são como se fossem duas almas gêmeas, aquelas duas pessoas que foram feitas uma para outra. Ambos os lados da onda vão se quebrando, assim como as pessoas, que entram em relacionamentos fadados ao fracasso e quase desistem de viver ou de amar. Só que uma coisa é certa, e isso nunca vai mudar: Por mais longa seja a quebrada de um lado da onda, ela sempre se encontrará com o outro lado. Almas gêmeas foram feitas uma para outra. Elas sempre irão se encontrar. Sempre."


L&S

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Aproveitar...

Já cansei de ouvir que a vida é uma caixa de bombons. Que nunca saberemos o que vamos encontrar durante nossa mera existência como humanos. Já parou pra pensar quanto tempo perdemos pensando coisas assim? A vida, sinceramente, não é uma caixa de bombons: é um pote de dinamites com o pavio quase no talo.

Sofrimentos, dores, e crises. Parece que não acaba. Ás vezes, eu penso que o destino brinca com os meros mortais que habitam esse planeta. Será que nunca poderemos relaxar? Mesmo quando nos distanciamos para esfriar nossa mente, retomar a energia da nossa alma e refrescar nosso corpo, o retorno sempre é inevitável. E, como se não bastasse, traz consigo as três palavras inicialmente citadas no parágrafo.

Será que, algum dia, poderemos descansar? Espero que as milhões de lápides não estejam mentindo pra mim. Sempre quis saber o que acontece depois da morte. Em alguns momentos de auge, a curiosidade vence, por alguns segundos, até você perceber que não vale a pena. Não, não vale a pena. Se pensarmos bem, essas injúrias podem ser apenas a pista, e não o pódio. Nunca imaginei que diria isso, mas, quem sabe a vida seja uma caixa de bombons?

Surpresas. Quem não aprecia uma? Todos temos sentimentos e as surpresas pega-os desprevinidos. Isso dá uma certa força nas sensações, que são sempre extremas. Um singelo bebê, quando é surpreendido, solta gargalhadas. Um homem solitário, quando é surpreendido com, um amor, por exemplo, sente-se mais leve que o ar. E por assim adiante.

Mas há aquelas surpresas completamente indesejáveis. O susto que tomaram quando atiraram em Kennedy, por exemplo, pode ter beirado um ataque. É incrível como a vida tem seus altos e baixos, não? Acredito que todos nós, sem exceção, queremos uma coisa: Descansar em paz.

Assim, me pergunto...Seria a vida uma caixa de bombons, ou um pacote de dinamites á beira da explosão? Eu digo o que a vida é.

A vida é um caderno. Você é um lápis. E o mundo é uma sala de aula. Você pode escrever o que você quiser no caderno, mas não há volta. Além disso, você nunca vai mudar a sala de aula. Ela sempre será uma sala de aula. Resta você se adaptar á ela.

Se eu pudesse pedir qualquer coisa, nesse momento, o que eu pediria? Uma borracha.

L&S

sábado, 17 de janeiro de 2009

Ciclos.

Sinceridade é fatal. Nunca se sabe se a honestidade é uma qualidade ou um defeito, pois a verdade trás consigo suas tristes consequências. Aquele simples amor que parece prosperar por tudo que existe, se mostra tão inocente ao arrancar seu coração fora de seu corpo, e destruí-lo em mínimos pedaços em um piscar do olhos. A vida destruída gera confusão, crise, e dor. Tanto a raiva quanto a plenitude tomam lugar no âmbito emocional, e você sente vontade de correr. Sumir. Desaperecer. Morrer. Não importa. Você quer que acabe.

Como é ruim se sentir afável... Amar nem parece mais símbolo de dignidade, soando mais como um tiro no peito. E o mais bizarro seria dizer o que sentimos em tais horas.Aquilo que era cômico e arrancava lágrimas de alegria não prende mais sua atenção.Parece que não mais sentimos. Olhamos para o vazio, nos separando do nosso corpo, viajando pelo labirinto da mente, e simplesmente não sentimos. Nem enxergamos. Nem ouvimos.Apenas a dor mostra que permaneço vivo. É como se roubassem esse sentimento de prazer de viver. Somente isso. Estar aqui, por estar, sem objetivos. Simplesmente...

E mais uma vez a futilidade humana me faz escorrer lágrimas. A lípida água esgorre inutilmente numa tentativa desesperada de levar consigo a angústia e a dor. Um insolúvel desespero. Nesses momentos de ápice temos até crises existencias. Tentamos tatear, mas nada ao redor parece existir. Ficamos cegos. Não sabemos se o que vemos existe mesmo. Sentimos frio numa tarde de verão. Nessas horas, queremos que tudo volte a normal, se conserte, ou simplesmente que possamos experimentar pela última vez o que nós fazia feliz.Esperamos que tudo seja um sonho.Mas não é. Precisamos acordar para a dura, porém real, realidade...

E tudo o que sobra são feridas. As lágrimas não conseguem tirar isso de nós. Aquilo que nos move parece não mais fazer sentido. É uma loucura. Queremos respirar, mas o ar simplesmente não é o mesmo. Tentamos sentir mais uma vez. Vamos até a janela. O pôr-do-sol, antes belo, flamejante, espalhando seus raios pelo infinito, agora é simplesmente mais uma lúgubre forma de expressão natural, um simples ciclo vicioso de rotação. Se antes viviamos pelo prazer de ter recebido tal dádiva, agora vemos como a vida é mais um ciclo vicioso. De morte.

Anos se passam. Olhe ao seu redor.Você vê quanta coisa mudou? E você deveria saber agora que eu nunca tive intenção de te machucar.Toda minha vida eu fui ludibriado, mas agora eu renasci e vejo as coisas tão claras.Abra seus olhos e perceba que os tempos difíceis terminam se você quiser. Abra sua mente,alcance as estrelas.A resposta existe para que a encontremos.Os anos passam.Nunca sabemos quando é tarde.Os anos passam.Você mesmo sela seu destino.Não olhe a resposta no horizonte.Está mais próxima do que você imagina.Os anos passam, oh como eles passam...


L&S.