domingo, 7 de junho de 2009

Coração de um gênio aprisionado.

Abriu os olhos, ainda atordoado. Não fazia a menor idéia do lugar em que se encontrava. A escuridão tomava conta do recinto, e o homem buscava forças para se levantar. Tenta enxergar. Tateando a parede, foi-se erguendo aos poucos, até se manter de pé, cambaleante.

Um luz se acendeu. Mostra-se na sua frente um corredor, com portas em suas laterais. É estreito, mas em compensação, não se é capaz de ver o fundo. O homem, ainda com sua visão embassada e as pernas tremendo, caminha em direção a primeira porta. Chega a conclusão de que, como o corredor não tem fundo, uma dessas portas deve tirá-lo de lá.

Abre a primeira porta da esquerda. Sente-se um tanto surpreso. Ao olhar, parece algo muito desproporcional. É um lugar completamente diferente. Fecha a porta. Abre-a novamente. O mesmo lugar. Parece ser um quarto, um tanto quanto antiquado. Mas contrasta tanto com o lugar aonde se encontrava. Acaba entrando pela porta, que se fecha assim que ele entra.

A porta some. O homem fica estarrecido. Agora,já vê perfeitamente. Sente um cheiro de cigarro, vindo de uma sala ao seu lado. Ao entrar, vê uma figura, aparentemente masculina, de cabelos grisalhos, que se apoia com o cotovelo esquerdo, e escreve com a outra mão. O homem a chama, mas ela parece ignorar, ou simplesmente não escutar. Ela para de escrever, embrulha o bilhete, e o deixa na mesa. Abre uma gaveta, e saca um revolver, velho, com a mão que escrevia. O homem fica preocupado. O sujeito de cabelos grisalhos pega seu cigarro que estava sobre a mesa, dá um trago, e atira. Mais um corpo vai ao chão. Assustado, o homem se vira com um barulho de porta se abrindo, só para ver uma mulher e crianças entrarem. Quando percebeu, estava de volta ao corredor.

Ao voltar, sentou-se no chão e encostou-se na parede. Suava frio. Estava com medo. Queria sair dali. Levantou-se e correu desesperado pelo corredor. Quando começou a ofegar, parou e viu que era inutil. Caiu no chão, respirando forte e virando a cabeça, para ver uma porta do lado direito. Era uma esperança. Levantou-se a abriu a porta.

O homem está num banheiro. Nada mal, se comparado ao outro lugar. Prestando mais atenção ao cenário, percebe um pacote de camisinhas sobre a bancada da pia. Só agora percebeu que uma barulheira vinha do lado de fora. O homem espiou pela fechadura, e via uma cena de sexo absurda. Não deixou de ficar um tanto quanto alterado, e continuou espiando por todo o tempo. Após uma longa noite, ambos dormiram. O homem caiu no sono igualmente.

Pela manhã, ele acorda com o barulho da mulher que estava no quarto entrando no banheiro. Vestia-se como um puta e guardava uma quantia em dinheiro aparentemente baixa em seu sutiã. Ajustava sua roupa. Então, olhava para o espelho e, se vendo, começava a chorar. Começou a suspirar, reclamando de sua vida e amaldiçoando tudo. Seu espirito voraz da noite resumia-se a solidão pela manhã. Por fim, enxuga as lagrimas, e diz para si mesma que passará a vida buscando ser amada, não importa o quanto fracasse. O homem se envolveu, mas, quando ia tocá-la, sua mão a atravessou. Nesse momento, ele voltou para o corredor.

Não entendia mais porra nenhuma. Aparecera outra porta pelo corredor esquerdo. Não quis nem saber. Já estava alterado mesmo. Abriu a porta.

Estava num corredor agitado. Muitas pessoas formavam um circulo na frente de um prédio. Ao olhar para cima, viu uma janela quebrada, com o que parecia uma pessoa olhando, com alguma coisa na mão. Não conseguiu distinguir se era homem ou mulher. Enfim, tentou entrar no circulo. Após muita luta, chegou a beirada e, no meio de sangue e vidro, viu um corpo destroçado. Ficou enojado. De repente, algo caiu em seu rosto. Passou a mão, e viu um liquido. Arriscou-se, e o provou. Sentiu um gosto de chá.

Nessa hora, tudo ficou escuro. Ficou mais preocupado do que já estava desde o inicio de sua história. Uma luz aparecia no fim de um caminho. Ao passo que ela aumentava, o homem cobria seus olhos...

Quando o clarão passou, viu-se flutuando num quarto. Um computador, uma janela com vista para uma praia, um estante cheia de livros, e uma cama, com uma pessoa dormindo. Toca o despertador. O garoto, adolescente, pega o celular e o desliga. Levanta, ainda cambaleante. Enxuga os olhos, e põe o oculos. Ergue a cabeça. O homem, ainda flutuando, encara o garoto, que faz o mesmo

Ele pode me ver? - Pensava o homem. O garoto esticou a mão. O homem fez o mesmo, mas sua mão apenas atravessava a do garoto. Esse, por sua vez, sorriu, e disse: "Ainda vou te alcançar." Vestiu sua camisa bege, calça jeans, e desceu o prédio. O homem, pela janela, o viu entrar num táxi.

Antes de sumir, o homem conseguiu dizer: "Ainda vou te alcançar." Pudemos ver escrito "Inspiração" em seu peito e "Sucesso" em sua testa. Por fim, desapareceu.

OBS:Homenagem ao meu mestre de redação, por assim dizer. O que corrige meus textos, que me dá dicas de como melhorar e, claro, que me dá inspiração com o que escreve. Abraços, Mário!

Do seu aprendiz,

Linhares.

Um comentário:

  1. E eu nem tinha comentado.

    Francamente, fiquei lisonjeado.
    Agradeço a consideração, mas eu não sou lá isso tudo.

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