quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Medo pessoal.

Temer a morte é temer o fim, o desconhecido e o improvável. Esse medo faz de nós fortes, nos proporciona o instinto desesperado de existir, o mais primitivo dos sentimentos. Nos fazer lutar mais que possível e beirar a impossibilidade humana. Mas... O antagônico do medo, o desejo de vida, é traiçoeiro entre os homens que sentem fortemente. Se ele fosse egoísta, qualquer existência seria límpida, simples. Mas compartilhamos tal desejo. E isso faz dos homens vulneráveis, susceptíveis a falhas. O desejo de viver ao lado de quem amamos... Nos deixa fracos. E a louca vontade de ver o outro bem tira o medo da morte. O medo de esgotar as energias em prol de mudanças benéficas. E isso... Também, nos deixa fracos.

Uma mente brilhante uma vez disse que o mundo é feito de opostos, tais como cargas positivas e negativas. A luz não existe sem a escuridão, o claro não existe sem o escuro. Amor, tal potente força-motora, não existe sem o ódio. Sabemos que o amor está presente quando o ódio está ausente. E vice-versa. Ao passo que o ódio e puro e direto, o amor é sagaz, mas se esconde em suas decisões, em seus sentimentos, e leva a sua vida sem que percebamos que estamos sendo carregados por esse poder onipresente.

Um objetivo digno de vida é tentar viver sem ódio. Nunca odiar alguém nos dá a ilusão de que vivemos em paz e felicidade absolutas. Mas não podemos odiar plenamente sem antes amarmos. E vice-versa. Precisamos aprender a diferença entre tais sentimentos, da mesma forma como precisamos aprender porque o claro difere do escuro, porque a noite difere do dia, o sol da lua. Precisamos em algum momento odiar.

E é estranho quando o primeiro ódio de nossas vidas é o ódio próprio, de si mesmo, de quem você é. Viver uma vida inteira e odiar o que você é, odiar o caminho que te levou a ser você, faz você questionar todas as suas decisões. E se odiar, por amor, é mais estranho. Deveríamos nos amar em solidariedade a quem nos ama de volta. Simplesmente porque amamos essa pessoa mais do que nunca, e queremos ela bem, queremos uma harmonia, uma felicidade eterna para essa próxima. Seja recíproca, ou não. Traçar um objetivo de vida, por amor, é digno de viver. Muito mais digno que viver sem ódio. Muito mais. Viver por amor é muito mais do que viver sem odiar. E viver por amor aos outros é o ápice de uma existência completa, linda, perfeita. Perfeita não pela ausência de erros, mas pela sobriedade em sentir a maior pureza de ser sentida. Existir simplesmente para cuidar do amor de uma outra pessoa. Essa é a missão mais incrível que alguém pode aceitar e pode passar a vida inteira tentando realizá-la que não poderemos chamar essa vida de uma vida desperdiçada, jogada fora. Mas... Falhar nessa missão é como falhar no desejo de viver.

Como falhar no medo da morte.

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